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Cloud Computing — Cultura e Adaptação

Marcos de Benedicto (Bene)
5 min readApr 16, 2023

Eu, particularmente, gosto de falar sobre a cultura de Cloud, entendo que tocar neste assunto aumenta a maturidade dos times e contribui com aquele alinhamento entre expectativa vs. realidade.

Costumo escutar sobre algumas soluções mágica de migração para Cloud, principalemente um termo conhecido como “Cloud Fast Track”, este termo me parece mais um jargão de vendedor de carro velho, mas vamos lá dar uma luz ao termo.

Cloud “Fast Track”

A migração para Cloud depende não apenas de tecnologia, mas considero que a parte mais relevante este nos times e na cultura da organização. Levar sistemas para Cloud é uma tarefa que deve estar no propósito do time, os “porques”, as “vantagens”, a mudança de método de operação, a mudança de custo operacional, a mudança nos sistema de proteção e segurança de Dados, preparar sistema para automação, desenvolver produtos escaláveis, ter estratégias de desenvolvimento contínuo e principalmente ter uma mentalidade Cloud-Native. Provisionar ambientes em Cloud Públicas tem se tornado cada dia mais simples e não deve ser considerada a principal atividade da Jornada de Cloud.

Entendo que a estratégia “Fast Track” quase nunca condiz com a necessidade de transformação da empresa, entendo que processos aceleradores não contribuem com culturas sólidas e não ajudam os times a se adaptarem a um formado mais fluído. A quem diga que implementar receitas prontas ajuda na conscientização, mas pode ser um fator de desconexão da responsabilidade sobre uma cultura Cloud-Native.

SRE é um time interno de Engenharia e dá apoio ao time de Desenvolvimento

Vejo muitas questões envolvendo os SREs e o “By The Book do Google”, importante lembrar que o Google é um CSP, e como CSP seu produto final deles é Cloud. Olhando por este modelo faz sentido que o SRE esteja inserido nos Squads, afinal ele principalmente clientes externos.

Diferente de empresas não-CSP como farmaceuticas, logística, e-commerce, bancos, etc… cada qual com seu produto. De qualquer forma, é possível adaptar a cultura SRE ao modelo dia-a-dia da empresa. Por exemplo, os SLOs, SLIs e SLAs, podem ser utilizados pela INFRA para avaliar a qualidade dos recursos, reduzir desperdícios, melhorar desempenho, etc…

Um termos que tem surgido é a Engenharia de Plataforma, este modelo entra também na confiabilidade de esteiras de desenvolvimento, consolidando dados de infraestrutura com performance de entregas contínuas. Sim, faz sentido, porque as esteiras podem ser impactadas pela confiabilidade do ambiente.

Cloud Pública não é solução para tudo, não cai nessa.

Existem sistemas totalmente adaptáveis para Cloud e existem soluções que funcionam melhor no modelo híbrido, ou até 100% on premise.

Sistemas com vantagem no On Premise: Sistemas com alta dependência do modelo de negócios e que não geram “efeito de rede”. Por exemplo, sistema de captura de imagens de hospitais, Edge, IoT, IIoT, carros autônomos, controle de tráfego aéreo, sistema de engenharia de alta precisão, etc.. Sistemas que exigem uma baixíssima latência, dependem de alto processamento de hardware e que precisam de altíssima precisão. Levar estes sistemas para Cloud pode causar diminuição de precisão e altos custos de OPEX.

Sistemas com vantagem no híbrido e Cloud-Native: A principal vantagem da Cloud é distribuir sistema de uma forma que se tornem mais resilientes e escaláveis. Para isso é necessário automação de provisionamento, desenvolvimento e utilização de modelos elásticos. Indo nessa linha entendo que um e-commerce se encaixa muito bem, existem períodos sazonais, existem horários do dia com mais acessos, existem promoções e descontos oferecidos no site, faz todo o sentido. Outro modelo que faz todo o sentido são as ferramentas oferecidas pelo governo, são ferramentas pequenas com um alto consumo distribuído por todas as regiões do Brasil e com dados coletados em centrais de análise.

A seguir pontos que importantes para a jornada de Cloud:

Especialização em computação em nuvem

Como dito antes, a migração para Cloud depende de cultura, mas também é importante que os times entendam o que os provedores de Cloud tem a oferecer.

Treinamento em ferramentas, provedores, segurança, método de criação de contas e grupos, método de autenticação e autorização, método de consumo de recursos em Cloud, recursos escaláveis, recursos públicos, recursos privados, distribuição de dados, distribuição de clusters, regiões e zonas de disponibilidade, conexão e trânsito, redes privadas, faturamento mensal, identificador de recursos e agrupamento, compliance e regulamentação, dados em trânsito e dados persistidos, micro serviços, IaaS, PaaS, SaaS, integração com On Premise, disponibilidade, ferramentas de proteção de ataques, VPN, automação (IaC), economia de custo (Instâncias Spot), kubernetes plataforma e kubernetes em virtualização.

Esteiras de Desenvolvimento

O mecanismo de CI/CD (Continuous Integration e Continuous Delivery) ajuda a criar processos de desenvolvimento de uma cadeia de entrega e implantação de infraestrutura em nuvem. A automatização de tarefas repetitivas, testes e validações reduzem erros, aumentar a eficiência e entregar software de alta qualidade mais rapidamente.

Segurança e Compliance

A segurança da Cloud é mais simples de ser implementada em relação a segurança do On Premise, existem diversas ferramentas prontas que elevam a maturidade da segurança mais rapidamente e são integradas ao ambiente de forma mais simples e eficiênte, escalando junto com os sistemas e protegendo dados de possíveis tentativas de ataque.

Da mesma forma o compliance pode ser implementado de forma automatizada e com arquiteturas ideias já fornecidas pelos provedores de Cloud

Modelo de Faturamento

A cultura de gestão de custo de Cloud é diferente da gestão de custos do ambiente On Premise, quando estamos no On Premise falamos de CAPEX e OPEX, ou Investimento e Operação, quando estamos em Cloud falamos de custo On Demand. Este custo pode ser transformado em OPEX, com um diferencial de que o OPEX é fixo mensal e o On Demand pode ter grandes variações em ações promocionais ou períodos sazonais.

SRE e Engenharia de Plataforma

Como dito antes, o SRE, em empresas não CSP, mantém a confiabilidade da infraestrutura e dá apoio aos times de desenvolvimento para provisionamento de recursos e automação. Ajuda na redução de custos e proteção do ambiente mantendo a performance e capacidade de entrega e escala.

Observabilidade

A observação dos ambientes de Cloud é essencial para quaisquer ações podem ser tomadas, seja na implantação, no desempenho, no custo, na escalabilidade e na segurança dos ambientes. A monitoração tradicional é necessária, mas se torna um sistema obsoleta quando a visibilidade não pode mais ser medida pelas condições de ON/OFF.

Conclusão

Trabalhar com Cloud é diferente de estender sua infraestrutura para outra localidade, é uma nova cultura que depende de novos processos e uma visão de distribuição e automação. Existem diversas ferramentas de mercado e diversos provedores com modelos prontos que tornam a jornada mais clara, mas apoie o modelo de pensamento Cloud Native, este pilar deve transformar sua empresa com mais comprometimento e mais propósito que tecnologia por tecnologia.

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