Arquitetura Corporativa — Como Apresentar Valor à Organização.
O papel do Arquiteto Corporativa é mapear a cadeia de valor e construir pontes entre os times de negócio e a TI, entre a estratégia e a execução, do complexo para ao consumível. Mas como demonstrar valor? Especialmente para aqueles com pouco contado com a Arquitetuta Corporativa? Isso é um tremendo desafio.
Porém, apresentar artefatos aos seus stakeholders, como os frameworks de Zachman e TOGAF, pode complicar as coisas. Embora representem o trabalho da Arquitetura Corporativa, frequentemente parecem excessivamente complexos e podem até mesmo descredibilizar o resultado.
Quando comecei a trabalhar como arquiteto corporativo, me via desenhando a mesma imagem repetidamente, a fim de explicar exatamente isso. Embora eu a tenha refinado ao longo dos anos, o conceito fundamental permanece o mesmo.
O desenho e a objetividade dos artefatos de arquitetura beneficia desde os públicos mais técnicos até aqueles interessados nos fluxos de negócios e na operação.
A seguir, apresentarei cada aspecto do diagrama (o EA 101) e como você pode apresentá-lo de uma forma simples aos seus executivos ou outras partes interessadas.
De ONDE para ONDE
Começamos modelando a organização conforme existe atualmente, a chamada Arquitetura Atual (ou AS-IS). Os arquitetos fazem isso construindo modelos das diferentes dimensões da organização, como produtos, processos, departamentos, dados, aplicativos, redes, e muito mais, e interligando-os. Essa série de modelos interligados representa a Arquitetura Corporativa, que é nossa melhor representação da organização neste momento específico.
No entanto, essa arquitetura nem sempre consegue proporcionar um histórico preciso da empresa. De fato, o que a organização realmente precisa é entender seu desempenho atual na cadeia de valor. O desempenho da produção pode ser medido na cadeia de valor por meio de métricas como KPIs (indicadores de desempenho) ou KRIs (indicadores de risco). Uma visão equilibrada analisará o desempenho sob várias perspectivas, incluindo financeira (custo, receita), tecnológica, operacional, econômica, agilidade e tempo de lançamento/recolocação no mercado.
A chave aqui é que esses dois modelos estão interconectados: a arquitetura possui desempenho mensurável, e a visão de desempenho é uma característica intrínseca da arquitetura.
Portanto, mudar a arquitetura também deve mudar seu desempenho.
🚀 Apresentando o Valor a organização:
“Os arquitetos fornecem uma visão geral do estado atual do ecossistema, com base em dados e vinculando-o a métricas que permitem que as partes interessadas saibam com confiança o que precisam para alcançar seus objetivos.”
Medindo o ponto de vista
Vamos avançar para “Objetivos de negócios e Resultado.”
Onde sua organização está hoje não necessariamente é onde deseja estar. Ela possui uma estratégia, que pode incluir entrar em novos mercados, reduzir custos operacionais ou melhorar os serviços oferecidos à comunidade.
Toda estratégia válida deve ser mensurável por um ou mais objetivos. Idealmente, esses objetivos devem ser expressos na mesma base de medida usada para rastrear o desempenho, como custo, risco, tempo de entrada no mercado e satisfação do cliente, entre outros.
Agora, supondo que haja uma lacuna entre esses dois pontos, atingir esses objetivos implica em fazer mudanças na organização.
Como fazemos isso? Mudando a arquitetura.
🚀 Apresentando o Valor a organização:
“Uma vez que temos o AS-IS, os arquitetos permitem que as partes interessadas avaliem com segurança um ou mais objetivos que desejam alcançar.”
Chegando onde queremos estar
Vejamos o estado futuro (Future State) da arquitetura.
Nossa arquitetura de destino pode introduzir novos sistemas e processos, processar novos dados, oferecer novos produtos ou alterar a estrutura da organização (essa última é quase garantida!). Mesmo que as partes sejam diferentes, os métodos que você utiliza para modelar essa futura organização são exatamente os mesmos que você utiliza para modelar sua organização atual.
Assim como você mede sua arquitetura atual para compreender seu desempenho, você mede sua arquitetura de destino para projetar seu desempenho, utilizando as mesmas métricas de custo, risco, tempo de entrada no mercado e satisfação do cliente. Portanto, ao comparar esse desempenho projetado com os objetivos de sua organização, você pode entender e demonstrar como sua arquitetura de destino apoia a estratégia de negócios.
🚀 Apresentando o Valor a organização:
“Os arquitetos são capazes de preencher a lacuna entre o estado atual da organização, o roteiro e a medição dos objetos que a organização deseja atingir.”
Caminhos incertos e muitos futuros
Claro, o futuro é altamente incerto. As prioridades estratégicas e, consequentemente, os objetivos, podem mudar rapidamente. Ter apenas uma arquitetura de destino pode não ser suficiente.
As arquiteturas alternativas são chamadas de cenários. Elas podem ser otimizadas para diferentes objetivos ou resultados de negócios, como crescimento, otimização de custos, redução de riscos, entre outros. Cada cenário terá uma compensação diferente entre as principais medidas de desempenho, com base em diferentes prioridades de negócios.
O papel do arquiteto corporativo é comunicar essas compensações de forma clara para seu público, a fim de orientar as decisões sobre o formato final a ser adotado.
🚀 Apresentando o Valor a organização:
“Uma vez que existe uma orientação para o estado futuro, os arquitetos podem medir constantemente a estratégias e propor adequações a solução sem que o objetivo de negócio seja perdido.”
Os motores da mudança
Depois de ter uma arquitetura de destino acordada, pode parecer que o trabalho está concluído. No entanto, a transformação da arquitetura não acontece magicamente; ela requer algo mais: Mudança.
Projetos, sejam equipes ágeis ou programas em cascata, são os motores dessa transformação, portanto, é essencial compreender seu portfólio de mudanças ou backlog. Cada projeto ou programa pode ser mapeado para mostrar como ele impacta a arquitetura atual e a transforma no estado de destino, adicionando, removendo ou alterando elementos, como processos, sistemas e informações.
Os projetos também devem ser avaliados quanto ao seu desempenho, mas, desta vez, as métricas são um pouco diferentes. Aqui, não estamos medindo o desempenho organizacional, mas sim se esses projetos estão ou não alinhados com a estratégia e no caminho certo. Acompanhar essas métricas de alinhamento é como garantimos que os benefícios prometidos em nossos roteiros sejam efetivamente entregues.
🚀 Apresentando o Valor a organização:
“O alinhamento é um processo constante e os arquitetos fornecem uma análise contínua de onde estamos (em relação a onde queremos estar).”
Conclusão
Apresentar o valor da Arquitetura Corporativa não é uma tarefa simples e depende essencialmente de boa comunicação, conhecimento técnico e compreensão dos negócios. Além disso, requer a capacidade de desmembrar a cadeia de valor da organização em tarefas menores, apresentando habilitadores e eficiência de forma segmentada.
Comunicação: os arquitetos corporativos dependem da comunicação eficaz para garantir o alinhamento estratégico, a compreensão comum e o sucesso na implementação de iniciativas de arquitetura de TI em suas organizações.
Conhecimento Técnico: o conhecimento técnico é fundamental para que os arquitetos corporativos desempenhem efetivamente seu papel na concepção, planejamento e implementação da arquitetura de TI nas organizações, garantindo que as soluções sejam eficientes, eficazes e alinhadas com os objetivos de negócios.
Conhecimento de Negócios: o conhecimento dos negócios é fundamental para os arquitetos corporativos, pois lhes permite alinhar a tecnologia com os objetivos de negócios, tomar decisões informadas, comunicar-se eficazmente e identificar oportunidades de melhoria que beneficiam a organização como um todo. Essa combinação de conhecimento técnico e de negócios é essencial para o sucesso da arquitetura corporativa.
Cadeia de Valor: o conhecimento da cadeia de valor é essencial para os arquitetos corporativos, pois os ajuda a alinhar suas estratégias de arquitetura de TI com os objetivos de negócios, identificar oportunidades de otimização, avaliar o impacto das mudanças propostas e priorizar projetos de forma eficaz. É uma ferramenta valiosa para garantir que a arquitetura de TI contribua significativamente para o sucesso global da organização.
Fonte: ARDOQ.com; TOGAF 9.2; Enterprise Continuous Group