Como a humanidade tem mudado as condições climáticas da Terra?

Marcos de Benedicto (Bene)
6 min readMay 21, 2024

As atividades humanas têm contribuído para as mudanças climáticas que observamos hoje, com o aumento das temperaturas globais, mudanças nos padrões de precipitação, derretimento de geleiras e outros impactos ambientais. Nos ultimos 4000 anos as ações que mais se destacam são:

Desmatamento

Desde os tempos antigos, as atividades agrícolas e de expansão urbana têm levado ao desmatamento em larga escala. Isso resulta na remoção de árvores que absorvem dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, reduzindo assim a capacidade do planeta de regular os níveis de CO2.

  1. Desmatamento para Agricultura: Uma das principais razões para o desmatamento ao longo da história tem sido a expansão da agricultura. As comunidades antigas desmatavam áreas de floresta para criar espaço para o cultivo de culturas alimentares e criação de gado. Desde os primórdios da agricultura, a prática de queimar florestas para limpar terras para a agricultura (conhecida como queimada de corte e queima) tem sido comum em muitas partes do mundo.
  2. Expansão de Civilizações: O crescimento e a expansão de civilizações antigas muitas vezes levaram ao desmatamento significativo. Por exemplo, no Antigo Egito, a demanda por madeira para construção, navios, móveis e combustível levou ao desmatamento das florestas ao longo do Nilo.
  3. Navegação e Construção Naval: A construção naval e a navegação foram impulsionadoras do desmatamento em várias partes do mundo. A necessidade de madeira para construir navios incentivou o desmatamento de vastas áreas de floresta em muitas regiões costeiras.
  4. Industrialização e Urbanização: A Revolução Industrial, que começou no século XVIII, trouxe consigo um aumento significativo na demanda por madeira para construção, energia e matéria-prima para várias indústrias. O rápido crescimento das cidades também levou ao desmatamento para a expansão urbana e infraestrutura.
  5. Desmatamento Moderno: Nos tempos modernos, o desmatamento continua a ser uma preocupação global, com as práticas agrícolas em larga escala, a exploração madeireira comercial e a expansão de fronteiras agrícolas sendo algumas das principais causas. Além disso, o desmatamento ilegal e o desmatamento para a extração de recursos naturais, como petróleo, gás e minerais, também contribuem para a destruição das florestas.

Agricultura

A prática agrícola, especialmente com o advento da agricultura em larga escala, levou à alteração de grandes áreas de terra, incluindo o cultivo de monoculturas extensivas e o uso intensivo de fertilizantes. Isso pode levar à liberação de gases de efeito estufa, como óxido nitroso (N2O), além de mudar a reflectividade da superfície terrestre (albedo), afetando os padrões de temperatura e precipitação.

  1. Vulnerabilidade da Agricultura às Mudanças Climáticas: Por outro lado, a agricultura é altamente sensível às mudanças climáticas. Variações nos padrões de temperatura e precipitação, eventos climáticos extremos (como secas, enchentes e ondas de calor) e aumento da incidência de pragas e doenças podem ter impactos significativos na produção agrícola. Isso pode levar a diminuição da produtividade, perda de safras, insegurança alimentar e perturbação dos sistemas alimentares globais.
  2. Necessidade de Adaptação e Mitigação: Devido à sua interseção com a crise climática, a agricultura é uma área chave para a adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Isso inclui a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis, como agricultura de conservação, uso de técnicas de manejo de carbono no solo, plantio direto, agroflorestas e agricultura de precisão. Além disso, a promoção da agricultura resiliente ao clima e o investimento em pesquisa e desenvolvimento de variedades de culturas tolerantes ao estresse climático são essenciais para enfrentar os desafios futuros.

Uso de Combustíveis Fósseis

O uso de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, tornou-se generalizado nos últimos séculos, especialmente com a Revolução Industrial. A queima desses combustíveis libera dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa na atmosfera, contribuindo significativamente para o aquecimento global.

  1. Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE): A queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, é uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa (GEE), incluindo dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). Essas emissões contribuem diretamente para o aumento das concentrações atmosféricas de GEE, exacerbando o efeito estufa e impulsionando o aquecimento global.
  2. Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas: Além de ser uma das principais causas das mudanças climáticas, o uso de combustíveis fósseis também torna as sociedades mais vulneráveis aos seus impactos. Eventos climáticos extremos, aumento do nível do mar, alterações nos padrões de precipitação e temperatura e outros efeitos das mudanças climáticas têm impactos significativos na infraestrutura, na economia, na segurança alimentar e na saúde pública.
  3. Necessidade de Transição Energética: Para mitigar os impactos da crise climática, é fundamental reduzir a dependência de combustíveis fósseis e promover a transição para fontes de energia renovável e limpa, como solar, eólica, hidrelétrica e biomassa sustentável. Isso não apenas reduzirá as emissões de GEE associadas à geração de energia, mas também promoverá a segurança energética, criará empregos verdes e estimulará a inovação e o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.

Alterações no Uso da Terra

Além do desmatamento, a urbanização, a expansão de estradas e infraestrutura, bem como outras formas de alteração do uso da terra, alteram os padrões de albedo e o ciclo hidrológico, afetando o clima regional e globalmente.

  1. Efeito de Ilha de Calor Urbano: À medida que as áreas urbanas se expandem, a substituição de superfícies naturais, como vegetação e solo, por superfícies pavimentadas e construções de concreto resulta no aumento da retenção de calor. Isso cria o fenômeno conhecido como “ilha de calor urbano”, onde as áreas urbanas tendem a ser significativamente mais quentes do que as áreas rurais circundantes. A ilha de calor urbano pode elevar as temperaturas locais e afetar os padrões climáticos regionais.
  2. Alterações no Uso da Terra: A urbanização muitas vezes envolve a conversão de áreas naturais, como florestas e campos, em áreas urbanas e infraestrutura associada. Isso não apenas elimina a capacidade dessas áreas de absorver dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, mas também interrompe os padrões de evapotranspiração e ciclo da água, afetando os padrões de precipitação e aumentando o risco de eventos climáticos extremos, como enchentes e secas.
  3. Alterações nos Padrões de Precipitação: A expansão urbana pode alterar os padrões de precipitação, tanto localmente quanto regionalmente. A substituição de superfícies naturais por superfícies impermeáveis, como estradas e edifícios, pode reduzir a infiltração de água no solo e aumentar o escoamento superficial, levando a enchentes mais frequentes e intensas. Além disso, a poluição do ar urbano pode afetar a formação de nuvens e padrões de vento, influenciando os padrões de chuva e distribuição de umidade.
  4. Impactos na Saúde Humana e Bem-Estar: As mudanças climáticas associadas à urbanização, como o aumento das temperaturas, eventos climáticos extremos e má qualidade do ar, podem ter impactos significativos na saúde e no bem-estar das populações urbanas. Isso inclui aumentos nas doenças relacionadas ao calor, poluição do ar e doenças transmitidas por vetores, bem como impactos na segurança alimentar, acesso à água potável e condições de vida.

Áreas de Proteção Permanente (APP)

Área de Proteção Permanente (APP) é uma área definida pela legislação brasileira, especificamente pela Lei nº 12.651/2012 (Código Florestal), como uma área protegida situada ao longo de cursos d’água, nascentes, encostas íngremes, manguezais, restingas, entre outros, com a função de preservar recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade e facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Características

  1. Função Ambiental: As APPs desempenham um papel crucial na proteção dos recursos naturais, contribuindo para a manutenção da qualidade da água, a conservação da biodiversidade e a prevenção de desastres naturais, como deslizamentos de terra e enchentes.
  2. Limitações de Uso: Devido à sua importância para a conservação ambiental, há restrições severas quanto às atividades permitidas dentro das APPs. Por exemplo, é proibido o desmatamento, a exploração de recursos naturais, a construção de edificações, exceto em situações muito específicas e regulamentadas.
  3. Tipos de APPs: As áreas de proteção permanente podem incluir:
  • Margens de rios e córregos.
  • Encostas com declividade superior a 45 graus.
  • Topos de morros e montanhas.
  • Manguezais e restingas.
  • Áreas próximas a nascentes e olhos d’água.
  • Zonas úmidas, como banhados e veredas.

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