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Como iniciativas Sustentáveis podem apoiar no desenvolvimento de Cidades Inteligentes?

Marcos de Benedicto (Bene)
8 min readMay 7, 2024

Uma cidade inteligente é uma área urbana que utiliza tecnologias da informação e comunicação (TIC) e dados para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, eficiência operacional e sustentabilidade ambiental. Isso abrange uma infraestrutura tecnológica avançada, gestão eficiente de recursos, mobilidade inteligente, governança participativa, inovação, qualidade de vida, e sustentabilidade ambiental. O objetivo é criar um ambiente urbano mais eficiente, inclusivo e sustentável, utilizando tecnologia para resolver desafios urbanos e melhorar a vida das pessoas.

Norma ISO

ISO 37120 — “A norma ISO 37120 é um padrão internacional que define indicadores de sustentabilidade urbana e qualidade de vida em áreas urbanas. Ela foi desenvolvida pela Organização Internacional para Padronização (ISO) para fornecer uma estrutura comum para coletar e comparar dados sobre o desempenho das cidades em diversas áreas.

Essa norma visa ajudar as cidades a medir seu progresso em direção a metas de desenvolvimento sustentável, fornecendo um conjunto consistente de indicadores que podem ser usados para monitorar e comparar o desempenho de diferentes cidades ao redor do mundo. Além disso, a ISO 37120 promove a transparência, a prestação de contas e a troca de melhores práticas entre as cidades.”

Outras normas que apoiam as Cidades Inteligentes

  1. Smart Cities Index: Várias organizações e consultorias produzem índices de cidades inteligentes que classificam as cidades com base em uma série de critérios, como infraestrutura digital, inovação, qualidade de vida, sustentabilidade e governança. Esses índices podem ser usados como ferramentas de benchmarking para avaliar o desempenho das cidades e identificar áreas de melhoria.
  2. Certificação ISO 37122 (Cidades e Comunidades Sustentáveis): Esta é outra norma da ISO que fornece diretrizes e indicadores para avaliar o desempenho de cidades e comunidades em relação a aspectos como infraestrutura, meio ambiente, economia, sociedade, qualidade de vida e governança. Ela complementa a ISO 37120, focando mais especificamente em comunidades menores e áreas suburbanas.
  3. BREEAM Communities: BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method) é um sistema de avaliação de sustentabilidade amplamente utilizado para edifícios. O BREEAM Communities estende os princípios do BREEAM para níveis mais amplos, como bairros e comunidades, fornecendo uma estrutura para avaliar e melhorar a sustentabilidade de projetos de desenvolvimento urbano.
  4. Certificação WELL: Enquanto o LEED se concentra principalmente na sustentabilidade ambiental dos edifícios, a certificação WELL se concentra na saúde e bem-estar dos ocupantes. Ela avalia aspectos como qualidade do ar interior, iluminação natural, conforto térmico, qualidade da água e promoção de hábitos saudáveis, o que pode ser relevante em iniciativas de construção e planejamento urbano.
  5. Certificação EDGE (Excellence in Design for Greater Efficiencies): Desenvolvida pelo International Finance Corporation (IFC), a certificação EDGE foca na promoção de edifícios verdes e eficientes em termos de recursos em mercados emergentes. Ela avalia o desempenho de um edifício em termos de energia, água e uso de materiais de construção sustentáveis.

Como medir a maturidade de uma Cidade?

Medir o quão inteligente uma cidade é pode ser uma tarefa complexa devido à natureza multifacetada do conceito de cidade inteligente. No entanto, existem várias métricas e indicadores que podem ser usados para avaliar diferentes aspectos da inteligência de uma cidade. Entre os prinipais indices podemos destacar:

1. Índices de cidade inteligente: Existem diversos índices e rankings de cidade inteligente desenvolvidos por organizações, consultorias e instituições acadêmicas. Esses índices geralmente consideram uma variedade de indicadores relacionados a tecnologia, sustentabilidade, qualidade de vida, infraestrutura, governança, entre outros.

2. Indicadores de TIC: Medir a penetração e o uso de tecnologias da informação e comunicação (TIC) na cidade pode ser uma maneira de avaliar sua inteligência digital. Isso inclui indicadores como cobertura de internet de alta velocidade, acesso à banda larga, adoção de dispositivos inteligentes, disponibilidade de serviços online, entre outros.

3. Indicadores de mobilidade: Avaliar a eficiência e a sustentabilidade dos sistemas de transporte urbano pode fornecer insights sobre a inteligência da cidade em termos de mobilidade. Indicadores como tempo médio de deslocamento, modal share de transporte público, número de veículos elétricos, infraestrutura para bicicletas, entre outros, podem ser considerados.

4. Indicadores de sustentabilidade: Medir o desempenho ambiental e a sustentabilidade da cidade é fundamental para avaliar sua inteligência em relação a questões ambientais. Isso pode incluir indicadores como emissões de carbono per capita, consumo de energia renovável, eficiência energética de edifícios, área verde por habitante, gestão de resíduos, entre outros.

5. Participação cidadã e governança: Avaliar o nível de participação dos cidadãos na tomada de decisões, transparência governamental e eficácia das políticas públicas pode ser um indicador importante da inteligência da cidade em termos de governança. Isso pode incluir indicadores como número de consultas públicas, índices de transparência, satisfação dos cidadãos com os serviços públicos, entre outros.

Para medir a inteligência de uma cidade, é importante adaptar os indicadores e métricas utilizados de acordo com as características e prioridades específicas de cada localidade incluindo clima, indíce de desenvolvimento econômico, indíce de desenvolvimento humano, escolas, adesão estudantil, empregos, resiliência a crises, áreas de lazer, zoneamento, proximidade de regiões de capitais, proximidade de infraestrutura de transporte, entre outros

Fatores Sócio-Econômicos

Pegamos um exemplo de como o sócio-econônico (IDH) pode afetar a maturidade de uma Cidade Inteliente.

  1. Acesso à tecnologia: Um IDH mais alto geralmente está associado a uma melhor infraestrutura de comunicação e tecnologia. Cidades com um IDH mais elevado tendem a ter uma penetração mais ampla de tecnologias da informação e comunicação (TIC), o que facilita a implementação de soluções inteligentes.
  2. Educação e habilidades digitais: O IDH reflete o nível de educação e alfabetização da população. Cidades com um IDH mais alto geralmente têm uma população mais educada e com habilidades digitais mais desenvolvidas, o que facilita a adoção e o uso eficaz de tecnologias inteligentes.
  3. Capacidade de investimento: Um IDH mais elevado está frequentemente associado a uma economia mais desenvolvida e uma maior capacidade de investimento em infraestrutura e inovação. Isso pode facilitar o financiamento de projetos de cidade inteligente e a implementação de tecnologias avançadas.
  4. Participação cidadã: Um IDH mais alto também pode estar relacionado a uma maior participação cidadã e envolvimento da comunidade nas decisões urbanas. Isso pode facilitar a implementação de soluções inteligentes que atendam às necessidades e demandas da população local.
  5. Sustentabilidade ambiental: O IDH muitas vezes reflete o compromisso de uma cidade com a sustentabilidade ambiental. Cidades com um IDH mais alto tendem a estar mais conscientes das questões ambientais e podem estar mais inclinadas a adotar soluções inteligentes que promovam a eficiência energética, a redução de emissões de carbono e o uso sustentável dos recursos naturais.

No entanto, é importante notar que o IDH não é o único fator que influencia o desenvolvimento de uma cidade inteligente. Outros aspectos, como liderança política, parcerias público-privadas, colaboração entre os setores público, privado e acadêmico, e engajamento cidadão, também desempenham um papel importante no avanço das iniciativas de cidade inteligente.

Fatores de Sustentabilidade

Ao integrar esses fatores de sustentabilidade no planejamento e na implementação de iniciativas de cidade inteligente, as cidades podem criar ambientes urbanos mais habitáveis, resilientes e equitativos, atendendo às necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades.

  1. Tecnologia para monitoramento e gestão: O uso de tecnologias avançadas, como sensores IoT (Internet das Coisas), análise de dados e sistemas de informação geográfica (GIS), pode ajudar as cidades a monitorar e gerenciar seus recursos de forma mais eficaz. Isso inclui o monitoramento da qualidade do ar e da água, gestão do tráfego, otimização da iluminação pública e prevenção de desastres naturais.
  2. Planejamento urbano sustentável: O planejamento urbano sustentável é essencial para o desenvolvimento de cidades inteligentes. Isso inclui o uso eficiente do solo, o design de bairros compactos e walkable, a preservação de áreas verdes, a criação de espaços públicos acessíveis e a promoção de edifícios verdes.
  3. Mobilidade sustentável: Cidades inteligentes priorizam soluções de mobilidade sustentável, como transporte público eficiente, compartilhamento de bicicletas, calçadas acessíveis, zonas para pedestres e políticas de incentivo para veículos de baixa emissão. Isso reduz a poluição do ar, o congestionamento e as emissões de gases de efeito estufa.
  4. Gestão de resíduos: Implementar sistemas de gestão de resíduos eficientes e sustentáveis é essencial para o desenvolvimento de cidades inteligentes. Isso pode incluir a coleta seletiva, reciclagem, compostagem, tratamento de resíduos orgânicos e tecnologias de recuperação de energia a partir de resíduos.
  5. Energias renováveis: Promover o uso de energias renováveis, como solar, eólica e hidrelétrica, pode ajudar as cidades a reduzir suas emissões de carbono e sua dependência de combustíveis fósseis. Isso pode ser feito por meio da instalação de painéis solares em edifícios, parques eólicos e programas de incentivo para a geração de energia limpa.

Iniciativas Sustentáveis para apoio ao desenvolvimento das Cidades Inteligentes

As ações de sustentabilidade desempenham um papel fundamental na resolução das questões socioeconômicas e no desenvolvimento de cidades inteligentes maduras.

  1. Redução das desigualdades sociais: As ações de sustentabilidade podem promover a inclusão social e econômica, fornecendo acesso igualitário a serviços básicos, como transporte público, água limpa, energia e moradia acessível. Isso ajuda a reduzir as disparidades socioeconômicas e a promover a equidade na cidade.
  2. Criação de empregos verdes e oportunidades econômicas: As iniciativas de sustentabilidade, como eficiência energética, energias renováveis, gestão de resíduos e transporte público, podem gerar novos empregos e oportunidades econômicas em setores verdes e sustentáveis. Isso ajuda a diversificar a economia da cidade e a criar uma base de empregos mais estável e resiliente.
  3. Promoção da educação e capacitação: As ações de sustentabilidade podem incluir programas educacionais e de capacitação para conscientizar os cidadãos sobre questões ambientais e promover habilidades relevantes para empregos verdes e sustentáveis. Isso ajuda a aumentar a conscientização ambiental, a promover uma cultura de sustentabilidade e a capacitar os cidadãos para participarem ativamente da economia verde.
  4. Fortalecimento da infraestrutura social: Investimentos em infraestrutura social, como creches, escolas, hospitais, parques e espaços públicos, são essenciais para criar uma base sólida para o desenvolvimento socioeconômico sustentável. Essa infraestrutura não apenas melhora a qualidade de vida dos cidadãos, mas também atrai investimentos, promove o turismo e fortalece o tecido social da cidade.
  5. Melhoria da qualidade de vida: Ações de sustentabilidade que visam melhorar a qualidade do ar, reduzir o ruído, aumentar o acesso a áreas verdes e promover estilos de vida saudáveis contribuem para uma melhor qualidade de vida para todos os cidadãos. Isso pode aumentar a satisfação e o bem-estar geral da população, criando uma cidade mais atrativa e habitável.
  6. Resiliência socioeconômica: As ações de sustentabilidade fortalecem a resiliência da cidade diante de desafios socioeconômicos, como recessões econômicas, mudanças climáticas e crises ambientais. Ao promover práticas econômicas e ambientais sustentáveis, as cidades podem se preparar melhor para enfrentar os desafios do futuro e garantir um desenvolvimento mais equitativo e sustentável a longo prazo.

As ações voltadas para a sustentabilidade apoiam a criação de cidades inteligentes de várias formas. Além de impulsionar o desenvolvimento humano, elas criam um modelo de continuidade ao abordar questões socioeconômicas fundamentais e promover um desenvolvimento mais equitativo, resiliente e sustentável. Ao integrar os princípios de sustentabilidade no planejamento urbano e na tomada de decisões, as cidades podem criar ambientes urbanos mais habitáveis, inclusivos e prósperos para todos os seus habitantes.

Fonte: Cidades inteligentes: Guia para construção de centros urbanos eficientes e sustentáveis — Vicente Soares Neto

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