Conhecendo a Engenharia de Plataforma
A Engenharia de Plataforma nasceu da necessidade de ter times de infraestrutura de Cloud mais próximos às esteiras de desenvolvimento. O mercado já está habituado ao termos SRE (Site Reliability Engineering), termo criado pelo Google para atender as necessidades do provedor do Google. As características do SRE e do CRE (Customer Reliability Engineering) são orientadas ao negócio do Google, diferente das necessidades do mercado fora dos provedores de acesso. Durante anos o SRE foi adaptado a diversos segmentos de indústrias, perdendo as características originais. O SRE é um engenheiro de sistemas orientado à criação e automação de serviços de Cloud, ele não é orientado ao produto da empresa e sim ao produto “Cloud”. Esta confusão gerou desentendimento do mercado e descolamento das principais funções do SRE.
Em contrapartida a tecnologia se adapta às necessidades do mercado, surgindo então a Engenharia de Plataforma, ainda trás os produtos de “Cloud” mas já com um viés de integração com times de negócios. Em outras palavras, é um time de Plataforma de Consumo de Cloud e não mais apenas um time de engenharia.
O que é Plataforma?
Uma plataforma é uma empresa que proporciona interações criadoras de valor entre produtores e consumidores externos, ou seja, um modelo de negócio que usa a tecnologia para conectar pessoas, organizações e recursos em um ecossistema interativo que pode criar ou trocar valor. (Parker et al. 2019)
O que é uma Plataforma de Negócios?
Até aqui você já deve ter olhado para a sua própria experiência como usuário recorrente de plataforma de negócios. Afinal, quem é que não gosta de maratonar uma série em um feriadão? Quem é que resiste a uma promoção de livros? Isso tudo sem contar na facilidade de conseguir um carro quando você está atrasado para aquela reunião.
O hábito de conseguir serviços com poucos cliques é novo, mas a plataforma de negócios é um modelo antigo. Vamos pensar juntos: qual o lugar que você vai quando precisa comprar sapatos, fazer supermercado e almoçar sem se preocupar com a condição do tempo ou a falta de estacionamento? Acertou quem respondeu o shopping center.
A estrutura não passa de um grande centro comercial que aproxima lojistas de diferentes segmentos. Esses empresários pagam para utilizar o espaço e os consumidores podem centralizar as suas compras em um só lugar. Nesta equação todo mundo sai ganhando: o dono do shopping, os lojistas e os consumidores.
Existem centenas de shopping centers no país. Uns faturam mais que os outros. O segredo do sucesso neste ramo é atrair participantes dos dois lados: lojistas e consumidores.
O modelo plataforma de negócios ganhou uma forte aliada com a chegada da internet. Vinte anos depois, as ferramentas tecnológicas estão mais acessíveis e a população conectada aumentou em escala global. Surgiram marketplaces de produtos, serviços e também empresas que conectam profissionais com interesses comuns. Tudo isso tendo a plataforma como base. No entanto, o que não mudou foi o desafio dessas empresas — o de estimular transações entre os dois lados.
Qual a estrutura de Plataforma?
O primeiro princípio — são camadas de plataformas que precisam de diferentes conhecimentos especializados, então geralmente são muitas equipes de plataforma.
O segundo princípio — as camadas da plataforma são dinâmicas, evoluem ao longo do tempo e tendem a subir na pilha à medida que adicionam funcionalidade e eliminam recursos que são agrupados por plataformas de nível inferior.
O terceiro princípio — a interface para uma plataforma deve ser conduzida pelos usuários da plataforma. Uma equipe de plataforma deve incluir um gerente de produto (ou o líder da equipe deve executar essa função) ter um roteiro e ter mecanismos para priorizar as solicitações recebidas
O quarto princípio — é que deve ser feita uma distinção muito clara entre a construção de plataformas internas otimizadas para mudar rapidamente para atender às necessidades de negócios específicas e a construção de plataformas externas otimizadas para estabilidade de longo prazo, onde você pode não saber quem ou o que depende da plataforma e nem sempre pode pedir que troquem com você.
Quem é o consumidor da Engenharia de Plataforma?
DevXp, DX, Developer eXperience
Se você já fez parte de um time de desenvolvimento, sabe que existe uma espécie de largura de banda da engenharia e que ela está sempre alinhada ao trabalho que deve causar o máximo impacto para os negócios. Muitas vezes não é possível conceder um tempo significativo para melhorar o cenário atual e migrar para uma plataforma diferente. Os engenheiros de plataforma, portanto, precisam investir energia na construção de uma experiência de integração que requerem quase ZERO esforço dos consumidores. Muitos de nós da área TECH já estamos habituados com o conceito de UX, para o DX trocamos a experiência do usuário pela experiência do engenheiro de software (que também é um usuário).
Conclusão
O papel da Engenharia de Plataforma é criar, manter e performar produtos de uma prateleira de infraestrutura/serviços que serão consumidos pelas equipes de desenvolvimento. Neste contexto, a Engenharia de Plataforma deve ter um PO (ou alguém que faça este papel), UX/UI, um roadmap de desenvolvimento, métricas DevOps (capacidade, frequência, qualidade, recuperação de entregas) e mecanismos de priorização de demandas estratégicas.
Fontes: