Liderança Exponencial
O que é exponencial? E como o pensamento exponencial pode nos ajudar no profissional e no pessoal?
de F=(x) ab para F(x)=a^b
Sim. Exatamente como nas aulas de matemática do ensino médio… e não.
Não será preciso desempoeirar aquele livro didático que você jurou nunca mais pôr os olhos depois, para entender a diferença das duas fórmulas (semânticas) a seguir.
Linear: ‘desenvolvimento que implica a constância e a regularidade, seguindo uma lógica progressiva e de causa X consequência’.
Exponencial: ‘interação potencializada entre elementos que leva à expansão imprevisível, rapidamente’.
Sendo exponencial nos negócios:
A oferta parece boa demais para ser verdade.
”É só aplicar essa nova fórmula mágica para ganhar (muito) mais dinheiro?”
Cuidado (e lembre-se do case do Google Glass. Seu grande fracasso é atribuído por muitos especialistas pela falta de insistência de equipes no desenvolvimento do produto). Utilizar a lógica do pensamento exponencial em seu negócio exige paciência, altos graus de tolerância e muita insistência. Veja o gráfico a seguir:
De acordo com Peter H. Diamandis, um dos fundadores da Singularity University, para desbloquear o pensamento exponencial nas organizações é necessário passar pelos famosos 6 ‘D’s: digitalização > decepção > desmaterialização > desmonetização > democratização. Veja aqui o vídeo
Em suma: de acordo com essa perspectiva, com o pensamento linear chegamos a um limite pautado por nossa forma de pensar, que inevitavelmente nos levará ao fracasso em um contexto de alta complexidade e inovações tecnológicas.
Pensar exponencialmente é pensar em abundância
O problema com o pensamento linear é que ele desconsidera todas as possibilidades não previstas pelo indivíduo ou envolvidos no problema. Além do mais, ele vem acompanhado de uma dupla dinâmica: o medo (‘Já vi essa história antes. Isso não vai dar certo’) vindo do pensamento de escassez (‘compartilhar informações estratégicas com o mercado para serem copiadas pela concorrência? Nunca’). No longo prazo, perde-se tempo e dinheiro tentando solucionar questões internamente — com os mesmos recursos de sempre — ao invés de conectá-las com um público de especialistas ou entusiastas que pode te ajudar a solucioná-lo.
A proposta é audaciosa: substitua o pensamento de escassez (‘os recursos são limitados, por isso proteger os que tenho’) pelo pensamento de abundância (‘dou o que tenho e pego o que preciso’), em todos os sentidos: na forma como você se relaciona com sua equipe no dia a dia, mudando o tipo de perguntas para desbloqueio de problemas, ampliando o escopo e escala de abrangência de suas soluções e principalmente considerando que pessoas podem ser motivadas por grandes causas, e não simplesmente por resultados de curto prazo ou por motivações egoísticas.
Mas então o que é liderança exponencial?
Liderança exponencial é um conceito utilizado para definir um modelo de chefia na qual o líder se depara com um cenário incerto e complexo, situação que exige dele novas competências e atitudes para que, assim, consiga tomar a decisão certa para o momento enfrentado.
Aplicando a Liderança Exponencial em Engenharia de Sistemas:
Sistemas
Os sistemas são a prática mais comum e a que discutimos com mais frequência. Cada equipe tem vários processos que segue, formal e informalmente. Sendo um líder, vocâ pode atuar nos processos da equipe para melhorar o resultado desejado.
Alguns princípios que tento ter em mente ao otimizar sistemas:
Comece pelo problema, não pela solução. Quando você tem um martelo, todo problema é um prego. À medida que um gestor progride em sua carreira, ele assimilará soluções que funcionaram para ele em situações passadas. Embora a experiência seja excelente, é essencial entender se outras pessoas concordam que existe um problema primeiro.
Concorde com o problema e sugira soluções. Por outro lado, o gestor deve entender seu papel como líder e ajudar a equipe a navegar em direção às soluções. Embora possam fazer isso de forma colaborativa, os EMs têm um papel importande por ter uma visão macro sobre a iniciativa na companhia (Estratégica e Tática, não apenas técnica).
Um princípio útil é “o consenso não é quando todos concordam. É baseado na oportunidade de todos participarem e colcaborarem sendo levados a sério”. É papel do gestor é ouvir todas as perspectivas e avançar com uma solução que considere todas elas.
Pense no todo e encontre soluções que integram as plataformas da companhia. Embora seja essencial avaliar as ideias de melhoria em relação ao problema em questão, um gestor deve considerar todo o sistema ao decidir como melhorar. A maioria das táticas usadas em uma equipe dependerá do contexto da equipe e de outros sistemas sobrepostos.
Sem entender o contexto, a equipe corre o risco de seguir as “melhores práticas” sem entendê-las completamente, levando a resultados negativos.
A mudança é desconfortável. Por fim, é crucial entender que a mudança é desconfortável mesmo quando todos estão alinhados. Os processos da equipe não são muito diferentes dos hábitos, e mudá-los requer lembretes e realinhamentos constantes, principalmente no início. Infelizmente, é comum ver grandes ideias falhando porque a mudança nunca foi implementada por tempo suficiente e a equipe voltou aos velhos hábitos antes de ver qualquer benefício.
Comportamento
Além de atuar nos sistemas, os gerentes podem influenciar o comportamento de uma equipe com seu bem mais valioso: a atenção. Por estar em uma posição de liderança, os gestores terão seu comportamento observado pelos membros da equipe e poderão usar seu foco para sinalizar como a equipe deve trabalhar.
Embora esta seja uma maneira mais sutil de abordar a mudança, é um método que pode ser usado em muitas ocasiões. Por exemplo, em uma reunião de equipe, as perguntas feitas por um gestor serão consideradas significativas. Da mesma forma, em um projeto, as áreas em que o gestor presta atenção serão notadas pelos membros da equipe. Por exemplo:
- Melhorias Técnicas — Suponha que haja uma área técnica onde a equipe possa melhorar, como testes ou arquitetura. Ao focar suas perguntas e discussões sobre elas, o gestor pode criar espaço para conversas que conduzirão a equipe na direção desejada.
- Melhorias de processo — Quando a equipe está melhorando seus processos, o gestor pode ajudar a equipe a se mover na direção certa, prestando atenção a ela e lembrando o grupo da mudança desejada. Como em qualquer exercício de construção de hábitos, lembretes e cutucadas regulares ajudarão a estabelecer o novo normal.
- Sincronizações Regulares — Em qualquer reunião regular, como standup ou sincronização de equipe, o EM pode direcionar o foco da equipe fazendo perguntas em áreas que precisam de atenção. Por exemplo, se uma equipe é constantemente lembrada sobre a qualidade ao longo dos prazos, isso acabará levando a um comportamento que reflita esse princípio.
Recompensas
O último método é provavelmente o mais óbvio: os gerentes podem influenciar sua equipe fornecendo recompensas. Em última análise, o EM decide quem eles contratam para a equipe, os membros que avançam para cargos de liderança e como eles trabalham nos projetos. Além disso, o gerente pode ajudar a definir como uma equipe irá trabalhar, colocando membros em determinadas posições.
No entanto, há uma nuance significativa para este método. Ao pensar em recompensas, as pessoas geralmente consideram as grandes e óbvias: novas contratações, promoções e recompensas financeiras. A seleção de pessoas com características específicas definirá, em última análise, como a equipe toma decisões.
O que geralmente é deixado de lado são os pequenos empurrões que um EM pode dar através de pequenos ciclos de feedback. A maioria das pessoas gosta de receber feedback, mas geralmente não é tão generosa ao oferecê-lo. Uma prática útil que desenvolvi é ser proativo ao observar meus relatórios no trabalho com a intenção de fornecer feedback. Por exemplo, isso significa entrar em uma sincronização de projeto, fazer anotações e dar feedback ao líder técnico sobre sua participação. Ler documentos técnicos e fornecer feedback não apenas sobre o conteúdo, mas também sobre a forma. Elogiar alguém por levantar um problema no chat da equipe.
Em tudo isso, é essencial estar atento a como usar as recompensas para motivar a equipe de maneira única e inclusiva, sem causar problemas interpessoais ao exibir favoritismo.
Como gerente, quanto mais você observar os membros de sua equipe e destacar pequenas áreas de melhoria e sucesso, mais fácil será para você melhorar como eles trabalham individualmente e, consequentemente, como a equipe trabalha em conjunto.
E finalmente, o tal do Propósito Transformador Massivo (PTM)
E porque o propósito é tão importante para que isso aconteça? Modelos de negócio mudam, porém motivações e valores são estruturais. É impossível se conectar com pessoas incríveis ao redor do mundo sem comunicar ao mundo o que você deseja fazer. E quanto mais mesquinhos forem seus objetivos (de curto, médio e longo prazo), menos mentes brilhantes você irá atrair para resolver seus problemas. É se conectar com uma comunidade que de identifica com a razão pela qual você existe. É juntar quem pensa grande com quem pensa grande.
O Propósito Transformador Massivo (PTM) é uma ferramenta que te ajuda a pensar no longo prazo desafios ambiciosos (de preferência, quase que insolucionáveis), para forçar a quebra de paradigmas na maneira como empresas pensam a construção de seus projetos.
A nomenclatura (PTM) é autoexplicável e já passa um recado: ”o que faria se tivesse recursos infinitos (propósito), que melhoraria brutalmente (transformador) e a vida de pelo menos um bilhão de pessoas (massivo)?”.
Exemplo: ‘Organizar toda a informação do mundo’, Google
Pensá-lo é um desafio e envolve pensar em duas vertentes: criatividade e escalabilidade. As organizações exponenciais (ex.: Airbnb, Uber, Tesla, TED, entre muitas outras) têm uma coisa em comum: são construídas ao redor de seus propósitos transformadores massivos, para depois pensarem e repensarem seus modelos de negócio.
Fonte: http://claudiocarneiro.cc/pensamento-linear-vs-pensamento-exponencial
Fonte2: Francisco Trindade