Observação e Imprevisibilidade (Taleb)

Marcos de Benedicto (Bene)
3 min readJan 14, 2025

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“O mundo é moldado por eventos altamente improváveis, mas de grande impacto, que escapam às nossas previsões baseadas no passado. Essa mentalidade linear, de que o futuro será uma simples extensão do passado, deixa indivíduos e organizações vulneráveis.” (Taleb)

A Lógica do Cisne Negro (Taleb, 2007)

O capítulo “O Passado do Passado e o Futuro do Passado” de O Cisne Negro oferece uma reflexão profunda sobre como interpretamos e projetamos o tempo, revelando falhas fundamentais na maneira como lidamos com a incerteza. Nassim Taleb contextualiza sua argumentação em diferentes áreas da vida, como finanças, história, ciência e comportamento humano.

Taleb destaca que a história que aprendemos é uma versão filtrada e simplificada do que realmente aconteceu. Eventos passados são organizados em narrativas coerentes, mas essas narrativas deixam de fora os elementos aleatórios e caóticos que desempenham papéis cruciais.

Por exemplo, crises econômicas são frequentemente explicadas com “sinais que estavam lá”, mas que só parecem claros após o fato. Essa abordagem cria a ilusão de previsibilidade.

O Passado do Passado:

  • Refere-se ao que realmente aconteceu no passado, mas que nem sempre é completamente compreendido ou registrado.
  • A história é repleta de lacunas, vieses e seleções narrativas. Isso significa que o “passado” que usamos para tomar decisões é muitas vezes incompleto ou distorcido.

O Futuro do Passado:

  • Diz respeito à tendência humana de projetar o passado no futuro, assumindo que as condições futuras se comportarão de forma semelhante ao que já conhecemos.
  • Essa abordagem ignora a possibilidade de eventos inesperados ou cisnes negros, que não seguem padrões históricos previsíveis.

O Problema da Retrospectiva:

  • Taleb argumenta que, quando olhamos para o passado, tendemos a simplificar as narrativas, atribuindo causas claras a eventos complexos e caóticos.
  • Por exemplo, após uma crise financeira, analistas apontam “sinais claros” que deveriam ter sido percebidos, ignorando a incerteza e a imprevisibilidade que existiam antes do evento.

A Falsa Segurança nos Modelos Previsivos:

  • O autor critica métodos como a curva normal ou modelos de risco financeiros que dependem de dados históricos para prever o futuro.
  • O progresso tecnológico frequentemente é visto como previsível, mas avanços importantes geralmente vêm de descobertas acidentais. A internet, por exemplo, nasceu de projetos militares específicos, mas seus impactos reais foram imprevistos.
  • Taleb usa isso para argumentar que projetar o futuro com base em padrões passados ignora a natureza não linear do progresso humano.

Relevância Prática:

  • Repensar Planejamento: Quando traçamos planos pessoais ou profissionais, é comum confiar em dados passados, mas Taleb sugere focar na resiliência e adaptação.
  • Reconhecer a Incerteza: A ideia de que o passado explica o futuro é confortável, mas enganosa. Aceitar a incerteza é essencial para se preparar para o imprevisível.
  • Evitar Excesso de Confiança: Em finanças, negócios ou política, confiar demais em modelos históricos pode levar a falhas desastrosas quando eventos inesperados surgem.

Conclusão

Taleb nos lembra que vivemos em um mundo onde os maiores eventos — sejam positivos ou negativos — frequentemente vêm do inesperado. Este capítulo é um convite para desconstruir a falsa segurança de que o passado contém todas as respostas e adotar uma postura mais aberta, resiliente e adaptável ao futuro.

Não podemos depender exclusivamente do “passado conhecido” para entender o futuro. Em vez disso, devemos estar conscientes da incerteza e preparados para surpresas.

O verdadeiro desafio está em aceitar que não sabemos o que não sabemos e que o futuro pode ser drasticamente diferente de qualquer coisa que o passado tenha nos ensinado.

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