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Purdue Enterprise Reference Architecture (PERA) — IT/OT

Marcos de Benedicto (Bene)
6 min readDec 23, 2024

Imagine uma grande organização que administra diversas operações complexas, como rodovias, aeroportos e sistemas de mobilidade urbana. Para manter tudo funcionando de maneira integrada e eficiente, é preciso lidar com desafios que vão desde a coordenação de sensores em tempo real, até o processamento de informações financeiras e a tomada de decisões estratégicas. É nesse cenário que o modelo Purdue 2.0 ganha vida, funcionando como um mapa que organiza e conecta diferentes camadas de tecnologia, operações e decisões.

Pense na organização como um sistema vivo, onde cada parte desempenha um papel especializado. Nas camadas mais próximas do chão de fábrica (ou, neste caso, das pistas e dos terminais), temos dispositivos que coletam informações sobre o fluxo de veículos, condições climáticas ou padrões de comportamento dos usuários. Esses sensores, radares e câmeras alimentam uma base de dados que é processada por sistemas operacionais de controle. É como se fossem os sentidos e reflexos da operação.

Conforme subimos na hierarquia do modelo, essas informações são enviadas para níveis que realizam análises mais sofisticadas, integrando os dados em dashboards que permitem aos gestores planejar manutenção, criar planos de ação para emergências ou ajustar fluxos operacionais em tempo real. Aqui, o modelo Purdue funciona como uma espinha dorsal, garantindo que os dados fluam de forma segura e organizada, ao mesmo tempo que mantêm a comunicação entre as equipes humanas e os sistemas automáticos.

No topo do modelo, as decisões estratégicas são tomadas com base na visão geral fornecida por todas essas camadas integradas. É aqui que os executivos avaliam o impacto financeiro, os indicadores de eficiência operacional e os compromissos com a sustentabilidade, usando informações que nasceram lá embaixo, nos sensores.

O modelo Purdue 2.0, além de uma estrutura tecnológica, reflete a organização como um organismo humano: os sensores são os sentidos, as camadas intermediárias são o cérebro processando informações, e o topo da hierarquia age como a mente estratégica, pensando no futuro e ajustando o presente. Esse equilíbrio entre tecnologia e inteligência humana permite que a organização cresça de forma sustentável, responda rapidamente às mudanças e garanta um alto padrão de serviço para milhões de pessoas que dependem dela todos os dias.

Principais Características do Purdue Model 2.0:

O Purdue Model 2.0 é uma evolução do modelo original Purdue Enterprise Reference Architecture (PERA), usado principalmente para arquiteturas industriais e integração de sistemas operacionais e de TI (OT e IT). Suas principais características incluem:

Integração IT/OT: O modelo de convergência entre Tecnologias da Informação (IT) e Tecnologias Operacionais (OT), permitindo que dados fluam de forma eficiente entre sistemas industriais e empresariais.

Cybersegurança Melhorada: Inclui segurança cibernética para proteger tanto a infraestrutura de TI quanto os dispositivos industriais conectados.

Conectividade e IoT: Adota arquiteturas que acomodam dispositivos IoT e sensores em todos os níveis de operação, desde o chão de fábrica até a Cloud.

Resiliência e Escalabilidade: O modelo suporta operações resilientes e pode ser escalado para integrar novos dispositivos e tecnologias emergentes.

Automação Inteligente: Facilita o uso de tecnologias como inteligência artificial, aprendizado de máquina e análises avançadas para otimizar processos.

Visão de Arquitetura IT/OT

Estratificação de Níveis:

  • Divisão em camadas ou níveis (0 a 5), cada uma representando diferentes funções e responsabilidades dentro de um sistema industrial.
  • As camadas mais baixas (0 a 2) focam no controle operacional em tempo real, enquanto as camadas superiores (3 a 5) tratam de sistemas corporativos e gerenciamento de informações.

Segurança e Segmentação de Redes:

  • Uso de zonas de segurança e demilitarização (DMZ) para separar redes industriais das redes corporativas e da internet, reduzindo vulnerabilidades cibernéticas.

Interconectividade e Interoperabilidade:

  • Definição clara de interfaces entre sistemas, permitindo comunicação entre máquinas, sistemas de controle e níveis de gerenciamento.

Gestão de Ciclo de Vida:

  • Estrutura para planejamento, design, implementação, operação e desativação de sistemas industriais, garantindo que os sistemas evoluam com as necessidades do negócio.

Foco em Padrões e Conformidade:

  • Adesão a normas como NIST 800–82 e API 1164 para práticas seguras e padronizadas em controle industrial.

Flexibilidade para Tecnologias Emergentes:

  • Suporte para tecnologias como IoT, computação em nuvem e análise de dados em tempo real, que podem ser integradas dentro da arquitetura existente.

Inteligência Artificial para Industria

O modelo Purdue atua como uma espinha dorsal para integrar IA na indústria, garantindo que as tecnologias sejam implementadas de maneira organizada, segura e eficiente. Ele permite que as empresas extraiam o máximo de valor da IA, ao mesmo tempo que mantém a continuidade operacional e a segurança em todos os níveis do sistema.

Vantagens do modelo:

1. Organização em Camadas

O Purdue Model separa os sistemas industriais em diferentes níveis (do nível físico ao estratégico), o que ajuda a localizar e priorizar onde a IA pode agregar mais valor:

  • Níveis 0–2 (Operacional): Aqui, IA pode ser aplicada em sistemas de controle em tempo real, como manutenção preditiva, otimização de máquinas e monitoramento de processos.
  • Nível 3 (Gestão de Operações): IA pode ajudar a prever demandas, otimizar fluxos de produção e ajustar cronogramas com base em análises de dados históricos e em tempo real.
  • Nível 4–5 (Corporativo e Estratégico): Algoritmos de IA auxiliam na previsão de tendências, análise de mercado e suporte à tomada de decisões estratégicas.

Essa estrutura modular permite implementar IA de forma segmentada e escalável, sem interromper os processos críticos.

2. Interconexão e Interoperabilidade

A IA depende de dados de alta qualidade e de múltiplas fontes. O modelo Purdue é projetado para facilitar o fluxo de dados entre camadas, garantindo que:

  • Sensores e dispositivos (Nível 0–1) capturem dados de forma consistente.
  • Dados sejam processados e contextualizados em camadas intermediárias (Nível 2–3).
  • Insights gerados pela IA sejam disponibilizados para ações estratégicas no Nível 4–5.

Isso reduz o risco de silos de dados, permitindo que os algoritmos de IA tenham acesso a informações integradas e relevantes.

3. Foco em Segurança

A integração de IA traz desafios relacionados à cibersegurança, especialmente em sistemas industriais críticos. O modelo Purdue ajuda a segmentar redes industriais e corporativas, estabelecendo zonas de segurança (como DMZs) que protegem os sistemas de controle (OT) contra ameaças externas. Isso é crucial para a implementação de IA em ambientes que operam infraestruturas sensíveis.

4. Escalabilidade e Flexibilidade

O Purdue Model suporta a integração progressiva de tecnologias de IA:

  • Comece com pequenos casos de uso: Por exemplo, um sistema de IA para identificar padrões de falha em equipamentos no Nível 1.
  • Expanda para camadas superiores: Com o tempo, as soluções de IA podem ser estendidas para a previsão de demandas em operações (Nível 3) ou suporte estratégico para decisões financeiras e logísticas (Nível 4).

Essa abordagem permite que as empresas adotem IA gradualmente, ajustando as soluções conforme as necessidades evoluem.

5. Automação e Tomada de Decisão

A IA é excelente para automatizar processos repetitivos e fornecer recomendações baseadas em análises avançadas. No modelo Purdue, essas capacidades podem ser aplicadas em:

  • Automação de Processos (Níveis 0–2): Controle automático de equipamentos com base em condições detectadas em tempo real.
  • Suporte a Operações (Nível 3): Geração de insights para gerentes, como prever gargalos de produção.
  • Decisões Estratégicas (Nível 4–5): Modelos preditivos para identificar tendências de mercado ou otimizar custos.

6. Alinhamento com Tecnologias Emergentes

O modelo Purdue pode ser adaptado para incluir soluções baseadas em IA, IoT, computação em nuvem e edge computing, permitindo que as empresas aproveitem as inovações tecnológicas de forma estruturada. Por exemplo:

  • IA combinada com IoT pode processar dados de sensores locais (edge) para decisões rápidas em Nível 1–2.
  • Sistemas de IA em nuvem podem consolidar e analisar dados globais para otimização no Nível 4–5.

Conclusão

O modelo Purdue, ao organizar sistemas industriais em camadas bem definidas, oferece uma base robusta para a integração da Inteligência Artificial na indústria. Ele possibilita o fluxo eficiente de dados, promove segurança cibernética com segmentação de redes e facilita a automação de processos operacionais. Além disso, ao alinhar decisões operacionais e estratégicas, o modelo potencializa o uso da IA para otimizar operações, reduzir custos e gerar insights valiosos. Essa estrutura escalável e segura transforma o Purdue em uma ferramenta essencial para indústrias que buscam inovar e crescer de forma sustentável em um mundo cada vez mais digitalizado.

Fonte: https://www.linkedin.com/posts/sebastiantrolli_purduemodel-industrialautomation-industry40-activity-7270029073324593153-Y-IP?utm_source=share&utm_medium=member_desktop

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